Sem segmentar e sem padronizar



Estudando para uma disciplina na faculdade, encontrei uma explicação “teórica” para a proposta que decide adotar quando crie este blog: publicar conteúdos relacionados ao cotidiano feminino, porém, direcionado tanto para as mulheres quanto para os homens que se interessam pelo nosso universo. Então, aí vai, resumidamente, o quê pensei depois das leituras que fiz.

A
cultura de uma sociedade pode ser definida por seus padrões de consumo. A cultura de massa, típica das sociedades pós-industriais, é aquela na qual as empresas oferecem produtos padronizados aos clientes. Segundo Maria Celeste Mira, as mercadorias eram voltadas para o consumo da família, ou seja, a televisão, o carro, a geladeira, e outros tantos produtos, são pensados para a unidade familiar. Nos países desenvolvidos, este tipo de estratégia vigorou, principalmente, após o nazismo.

No período que se estende desde a década de 50 até a de 80, considerado pelos historiadores como os anos dourados, a economia dos países desenvolvidos apresenta um surto de crescimento e mudanças socioculturais são implementadas. Nos anos 50 e 60 se desenvolve uma nova forma de consumo, baseada na
segmentação. Esta pressupõe que a sociedade está divida em diferentes frações de consumidores, por exemplo, homens, mulheres, jovens, homossexuais, negros. Algumas destas parcelas da sociedade ganharam visibilidade com os movimentos sociais que ocorreram durante os anos dourados, como o movimento feminista, a contracultura e o Black Power. Pessoas tão distintas teriam desejos diversos a serem realizados. É nisto que os agentes do mercado estão interessados, não só o mercado de bens materiais, mas também o de bens simbólicos.

Nesse sentido, é que atua a
mídia ao formar opiniões e ditar tendências de comportamento. De acordo com o novo espírito dos mercados, ela também segmentou-se: há impressos direcionados a determinados setores sociais, o rádio explora seu poder de “falar direto ao ouvinte”, a televisão, com canais pagos, disponibiliza conteúdos segmentados em horários específicos e a internet permite que o próprio usuário configure sua página de informações.

As publicações idealizam quem irá receber suas mensagens, por exemplo, mulher, classe C, casada e mãe e, a partir deste perfil produzem seus conteúdos. Entretanto, numa sociedade pós-moderna,
“pós-tudo!”, que já passou por diversas revoluções socioculturais, o público se torna cada vez mais complexo e difícil de ser enquadrado em categorias estanques como estas.

Homens podem gostar de cozinhar e quererem ler revistas que publiquem receitas culinárias, mulheres executivas se interessarem por oportunidades de negócios e podem procurar publicações que trazem informações sobre isto. Nesse contexto, exemplos como o ocorrido no conto “Corações Solitários”, Rubem Fonseca, no qual uma pesquisa revela que um jornal direcionado para
mulheres da classe C era, na realidade, lido por homens da classe B, podem se tornar comuns.
Daí minha proposta: sem segmentar e sem padronizar. Tudo
“pós-misturado!”.

Imagem: Creative Commons/Flickr: Rodrigo Favera

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