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Bolsa de mulher


Uma amiga me falou que para ela, a bolsa era a peça mais importante do guarda-roupa. Na opinião dela esta não é só um acessório: “Primeiro escolho a bolsa, depois, decido o restante do look”. Ela afirmou se lembrar até hoje do dia em que adquiriu a sua primeira bolsa. Mesmo agora, após ter vários modelos, a número um da coleção, continua guardada, como uma relíquia.

Gosto muito das bolsas, apesar de meus maiores amores serem os sapatos. Entretanto, não penso que eles se rivalizem. Uma bela bolsa e um par de sapatos levantam o visual. Há quem prefira dar mais importância a um em detrimento do outro. Investir um pouco mais ao comprar a bolsa e economizar nos sapatos ou, o contrário.

Já li um livro sobre linguagem corporal que afirmava que a mulher é capaz de, por meio da bolsa, demonstrar seu interesse por um homem. A teoria era a seguinte: ao deixar o acessório próximo a um pretendente, a mulher estaria colocando ao alcance dele algo muito especial para ela, este ato seria uma demonstração de confiança e afinidade. Neste caso, a bolsa indicaria que ela está disposta a conhecer o escolhido de maneira mais íntima. A bolsa é interpretada como se fosse uma extensão da intimidade feminina. Se esta tática funciona, eu não sei.

De fato, a mulher leva o que considera importante dentro da bolsa. Muitas carregam nelas o que é útil, outras levam isto, e mais o que pode vir a ser, no caso de alguma emergência, “nunca se sabe o que vai acontecer, não é mesmo?!” Geralmente, é assim que a maioria se justifica. Eu já ouvi uma derivação desta justificativa, certa vez, uma conhecida me disse: “Agente sabe como o dia começa, nunca como ele termina. Por isto, eu sempre tenho na bolsa desde uma maquiagem básica até um sabonete íntimo”. Pelo menos, ninguém poderia chamar a moça de desprevenida.

Uma colega da minha mãe sempre sentencia: “É possível conhecer uma mulher pelo que ela traz na bolsa.” Acho isto um exagero. Não acredito que se possa conhecer uma pessoa tão facilmente, e nem tão pouco julgá-la pelos pertences que carrega junto consigo. Mas penso que algumas pistas sobre a personalidade de uma mulher podem sim, serem tiradas de sua bolsa. Os objetos que vão ali dentro e até mesmo o modelo desta falam um pouco sobre a dona.

Independente disto, as bolsas podem sim serem especiais em nossas vidas. Elas carregam histórias. Pode ser a que foi usada num encontro muito esperado, a que foi a um passeio inesquecível ou a primeira que foi comprada com o próprio dinheiro. A bolsa é um pedacinho do nosso mundo portátil que nos acompanha aonde vamos.

Imagem: Creative Commons/Google

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Quando uma mulher pedir socorro


Autoridades, quando uma mulher lhes pedir socorro, atendam. Pode ser a única chance que ela tem de salvar a própria vida.

Recentemente, um caso de violência contra mulher chocou o país. Uma cabeleireira foi morta com vários tiros disparados pelo ex-marido. Ela já havia pedido socorro, prestou queixas na delegacia contra ele. Mas, agora, esta mulher está morta. Foi mais uma vítima que não conseguiu ser protegida.

Muito se pede que a mulher denuncie as agressões sofridas, tão importante quanto isto, é que ela seja amparada quando resolver pedir ajuda. Não pode haver conivência com os agressores. A Lei Maria da Penha foi criada para evitar que isto ocorra. Ela pune com maior rigor a violência doméstica. Esta lei possibilita que o agressor tenha prisão preventiva decretada e também que seja preso em flagrante, extingue penas alternativas para estes casos e estabelece medidas que protegem a pessoa agredida.

O Brasil assistiu à mais uma história com final trágico. Assim como aconteceu com a jovem Eloá, novamente, um caso de violência contra a mulher deixa a sociedade estarrecida. Estes foram fatos que ganharam notoriedade na mídia, mas, muitos outros sequer são noticiados.

Todos os dias mulheres brasileiras são agredidas e assassinadas, covardemente, em suas casas e nas ruas. O grito de alerta destas vozes femininas precisa ser ouvido.

Imagem: Creative Commons/Flickr: nyki m

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Curso de maquiagem


Por ter me excedido um pouco nas comprinhas que fiz numa loja de cosméticos, ganhei de brinde um curso de maquiagem. O curso era apenas uma aula que seria dada na loja mesmo, depois do horário de funcionamento do comércio.

Cheguei uns quinze minutos mais cedo, como me foi aconselhado. Enquanto esperava, fiquei observando aquelas que seriam minhas colegas durante uma noite. Nossa turma seria bem diversificada, desde uma adolescente com visual punk até uma senhora distinta com, mais ou menos, uns sessenta anos de idade. Um clube da Luluzinha composto por doze mulheres ansiosas por conhecerem alguns segredos do universo da beleza.

As atendentes da loja ministrariam o curso. Elas nos levaram a uma sala onde havia diversas cadeiras e mesinhas, encima destas, espelhos e chumaços de algodão. Eu pensei que seria uma aula teórica para ensinar várias técnicas. Mas, pelo visto, era pior: eu teria que me maquiar na frente de todas. O primeiro passo era vencer a timidez.

Eu estava ali por dois motivos: aliviar o peso da consciência por ter comprado mais cosméticos do que havia planejado e tentar descobrir um fim prático para os que eu tinha em casa. Porém, eu já começava a pensar se, realmente, valeria a pena dedicar a noite de sexta-feira àquele curso.

No começo, foram explicados alguns cuidados básicos que se deve ter com a pele. Depois, nos ofereceram vários produtos e pediram nos maquiássemos de acordo as instruções que eram dadas. Eu acompanhei tudo, na medida da minha inexperiência e do meu nervosismo.

Conforme as alunas iam se “soltando”, perguntas como, “O que eu faço pra disfarçar minhas olheiras?”, “Como eu evito que o lápis borre?”, “Qual é o melhor truque para afinar o rosto”, dominaram o ambiente.

Uma das moças que davam o curso pediu para fazer uma maquiagem de demonstração nos meus olhos. Mal havia consentido, ela já estava com o lápis preto em punho esfregando-o na parte inferior dos meus olhos. Eu piscava desesperadamente. Ela disse que eu não precisar temer, pois não iria me machucar. Eu não sentia medo e sim, aflição. É difícil não piscar enquanto alguém mexe no seu olho. Mais uma provação pela qual o sexo feminino passa.

Maquiagem pronta, defeitos disfarçados, cores dos olhos e da boca bem vívidas. Eu mal reconheci a pessoa que vi no espelho.

Imagem: Creative Commons/Flickr: ferax

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Cirurgias plásticas estéticas: o que elas estão modificando


Já faz um tempo que eu tenho pensado em cirurgias plásticas estéticas. Não, eu não estou com planos de me submeter a uma. Pelo menos por enquanto, não. Mas, eu me pergunto quais motivos levam uma mulher a passar por tais procedimentos. A resposta mais evidente seria: porque ela quer ficar mais bonita e se sentir bem. De fato, ouvi uma explicação semelhante a esta quando perguntei isto à uma amiga que se submeteu à lipoaspiração e implantou silicone nos seios. Ela ainda acrescentou, de maneira bem enfática, que havia feito pela auto-estima.

Recentemente, duas notícias sobre cirurgias plásticas estéticas chamaram muito a minha atenção. A primeira, falava de uma musa do carnaval que não satisfeita em colocar silicone nos seios, resolveu dar a eles formato de “cones”. A segunda, tratava de uma britânica que passou por vários procedimentos cirúrgicos para realizar o sonho de ficar parecida com a personagem Jessica Rabbit. Estas duas histórias aguçaram ainda mais meus questionamentos sobre este assunto.

Será que ao decidir fazer uma intervenção cirúrgica, com fim, exclusivamente, estético, a mulher demonstra que é livre? Assim, ela seria detentora de uma liberdade que a permite, até mesmo, mudar seu corpo de acordo com sua vontade e vaidade. Ou, ao tomar esta decisão a mulher estaria subordinada ao mercado da beleza? Neste caso, seria a imposição dos padrões tidos como belos ao que nós temos de mais íntimo, nosso corpo.

Gostaria de acreditar que estas cirurgias plásticas modificam mais do que a estética ao proporcionarem às mulheres a oportunidade de adotarem uma postura de mais propriedade perante o próprio corpo e, por consequência, perante a vida. Mas, sinceramente, não tenho certeza de que é isto que está acontecendo. E vocês, o que pensam sobre isto tudo?

Imagem: Creative Commons/Google

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Zilda Arns


Levei um susto enorme quando soube que Zilda Arns havia morrido. Me dava um certo conforto saber da sua existência. Olhando para o trabalho desenvolvido por ela era mais fácil acreditar na humanidade. Cresci admirando esta mulher: uma avó com o semblante transbordando de generosidade, mas, também era firme.

No final do ano passado fiz um post sobre as mulheres que marcaram 2009 e, entre elas, incluí o nome desta grande brasileira. Zilda Arns: médica, sanitarista e uma humanista de grande relevância na nossa história. No início da década de 80, ela fundou a Pastoral da Criança para ajudar mulheres e crianças. Incentivou o aleitamento materno, combateu a desnutrição e a mortalidade infantil. Acreditava que a educação era o caminho para a paz. Assim, empenhou-se na causa da alfabetização. Os idosos também foram acolhidos em seus braços com a fundação da Pastoral da Pessoa Idosa. Foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz, se tivesse ganhado, com certeza, seria por mérito. A obra desenvolvida por ela, com o apoio de incansáveis voluntários, extrapolou as fronteiras do Brasil. Esteve em diversas localidades, contribuiu para melhorar a vida de milhares de seres humanos.

Foi numa viagem ao Haiti, onde cumpriria sua missão de levar o bem, que ela faleceu, vítima de um terremoto que assolou este país.

Zilda Arns foi fundamental para toda a sociedade. Entretanto, acredito que para nós mulheres, ela teve uma importância a mais, porque ensinou mães a cuidarem de seus filhos. Tarefa nobre que devolve às mães dignidade e soberania. Ela, que sempre prezou pela liberdade, ensinava a ser livre. Agradeço o legado que Zilda Arns nos deixou.

Foto: Creative Commons/Google

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Base básica


Entrei na loja de cosméticos com um objetivo: comprar uma base básica. E bem objetiva: “Moça, vocês têm a base para pele morena clara nº 206?” O que eu não sabia é que a vendedora também tinha um objetivo: me vender produtos dos quais eu nem sabia que precisava. Com um enorme sorriso no rosto, ela partiu para o ataque: “Oi, querida! Como você se chama?” Respondi o cumprimento e disse meu nome. “No momento, nós não temos esta base em nossos em estoques. Mas, eu vou te mostrar um produto 2 em 1: base e pó compacto.” “É que eu só uso aquela...” “Então, vem cá para você ver outros lançamentos!” A moça me levou para um verdadeiro tour pela loja.

Fui apresentada a uma linha de maquiagem da qual acabei ficando com blush que afinaria meu rosto. Escolhi também um hidratante para pele oleosa, a amostra grátis que eu usava havia acabado. Eu que sempre usei batons marrons, conheci um tom de vermelho, para deixar minha boca com uma cor mais viva. Ah, mas este efeito eu só conseguiria se utilizasse um aplicador específico. Um clareador de manchas para rosto prometia operar na minha pele o milagre esperado por mim há anos. Entretanto, antes de usá-lo é necessário aplicar um tônico. Para me expor ao sol somente com um protetor solar de fator altíssimo. Experimentei também um perfume com aroma sensual, havia lido em uma revista voltada para o público feminino que ele era capaz de conquistar qualquer homem.

Na hora de pagar a conta, achei, encima da mesa do caixa, uma cestinha com produtos em promoção. Escolhi um creme para o corpo.

Tudo dentro da sacola. A vendedora já parecia até uma amiga de infância. Só faltou mesmo uma base para pele morena clara nº 206.


Imagem: Creative Commons/Flickr: autumn bliss

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Maternidade e carreira


Este ano começou com uma boa notícia para nós mulheres. A licença-maternidade de seis meses foi regulamentada e passou a vigorar no início de janeiro. As servidoras públicas federais já tinham este direito, agora, também serão beneficiadas as funcionárias de empresas privadas.

O aumento do tempo de duração da licença atende às recomendações médicas e, além disto, coincide com período que a OMS (Organização Mundial de Saúde) aconselha para a amamentação do bebê, seis meses.

Há quem diga, não sei se de brincadeira ou se realmente pensam assim, que na época da licença-maternidade a mulher fica à toa. Sinceramente, um recém-nascido precisa de muitos cuidados e de atenção. Nem se a mãe quisesse, ela conseguiria desfrutar do ócio. Certa vez, uma atriz declarou em entrevista que após dar à luz seu filho muitas pessoas a recriminavam por estar demorando a voltar ao trabalho. Ela respondia aos palpiteiros que se dedicava a uma grande tarefa: criar um filho para a sociedade.

A licença-maternidade é fundamental para a mãe fortalecer o vínculo afetivo com seu filho e se acostumar à nova fase de sua vida. Muitas mulheres têm várias incertezas neste momento. Acredito que isto é natural, pois a maternidade é uma grande mudança nas nossas existências.

Pelo que pude acompanhar da história de algumas mães, um fato em especial lhes causa bastantes incertezas e apreensão, o de ter que decidir qual rumo dar às suas carreiras após a gravidez.

Marlene, uma empresária que sempre se dedicou com afinco aos negócios, optou por diminuir o ritmo de trabalho para poder dar mais atenção ao seu filho. Ela passou a trabalhar apenas no período da tarde, horário em que a criança fica na escola. A opção dela foi facilitada pelo fato de seu marido ser também seu sócio. Atualmente, ele destina mais tempo à empresa.

Gilmara, era funcionária de uma empresa privada. Após o nascimento de sua filha, ela resolveu sair do seu emprego. Tornou-se artesã. Assim, não precisa obedecer a horários rígidos de trabalho. Consegue desempenhar os papéis de mãe e de dona de casa e, ao final do mês, ainda tem uma renda garantida.

Ronara, servidora pública, ainda está no período de licença-maternidade. Ela pretende retornar ao trabalho e dar continuidade a bem sucedida carreira na área de saúde. O fato de ter uma carga horária de trabalho e garantias trabalhistas bastante razoáveis irá beneficiá-la nesta decisão. Mas, seu principal aliado é o marido, ele dá um show no quesito paternidade.

Além de todos os outros benefícios que a licença-maternidade de seis meses trará para mães e filhos, ela também oferece um tempinho a mais de reflexão para as mulheres decidirem qual destino dar às suas vidas profissionais após a gravidez. Com isso, todos ganham, mães, filhos, pais, sociedade e, até mesmo, as empresas.


Imagem: Creative Commons/Flickr: Renato Souza

 
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