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Falcão mulheres e o tráfico


Uma incursão pelo mundo do tráfico de drogas é o que faz o livro Falcão mulheres e o tráfico de Celso Athayde e Mv Bill. Cada lugar que os autores percorrem nos revela personagens que vivem submersas numa crosta de invisibilidade social. Mães, filhas, irmãs, amigas, esposas e namoradas de traficantes são as mulheres que compõem o retrato de um Brasil que quase ninguém vê. As ilustrações do Núcleo Feminino de Grafite da CUFA ajudam a obra a desempenhar esse papel.

A presença da figura feminina está envolvida em diversas facetas do tráfico de drogas. Muitas mulheres têm suas vidas ligadas ao universo do crime de maneira indireta, são as familiares de traficantes. Outras estão envolvidas na hierarquia deste comércio ilegal. Elas ocupam postos que vão desde a viciada que se prostitui para satisfazer o vício até a dona do morro, chefe de sua quadrilha.

Ao relatar como vivem essas mulheres o livro traz histórias irônicas, trágicas ou, simplesmente, reais. Entre tais passagens destaco duas: a da traficante que vende as drogas em sua própria casa como se fossem sacolés e a da chefe que comanda o morro com mãos de ferro e promove severos tribunais do tráfico.

A vida nos morros é descrita com o que ela tem de prosaico e de chocante. Os autores elaboram as narrativas com a proficiência de quem conhece a realidade que está abordando. O resultado é um relato pungente de vozes que precisam ser reverberadas para serem ouvidas.


ATHAYDE, Celso; BILL, MV. Falcão mulheres e o tráfico. Rio de Janeiro:Objetiva, 2007.

Imagem: Daniela Fonseca


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Sobre camisinhas e pedras


Reza a lenda que Maria Madalena, a pecadora, supostamente prostituta, seria morta sob as pedras da sociedade que a julgava. Porém, as pedras da intolerância recuaram quando os algozes voltaram seus olhos para si próprios.

Hoje, camisinhas são atiradas contra os prostitutos. Não que eles não devam usá-las. Sim, eles devem. Assim como qualquer outro indivíduo sexualmente ativo. Porém, recomendar o uso da camisinha, somente, nas relações com os prostitutos é como se os julgassem maculados apenas com base na maneira como eles vivenciam sua sexualidade.

Os séculos se sucederam. A intolerância diminuiu, mas, nem tanto...


Imagem: Creative Commons/Google

 
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