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Marilyn e JFK

Marilyn Monroe está nua. John Fitzgerald Kennedy também. Quem os desnudou foi François Forestier em seu livro Marilyn e JKF. Para tratar da história de glamour e momentos obscuros do ilustre casal, o autor alerta que foi preciso “uma sólida documentação, um editor paciente e um defeito crucial: uma má índole”.

A diva, a mulher que despertou desejos e inspirou gerações, tem sua vida relatada. Desde quando era a anônima dona-de-casa Norma Jane. A moça do interior já sabia que para ser uma grande estrela, sonho também de tantas outras, era preciso sonhar mais forte que as demais mocinhas. Ela não queria apenas o dinheiro, queria ser o centro de todas as atenções, queria a glória. Conseguiu.

O livro procura mostrar essa trajetória por inteiro, também com seu lado negro. Crises, delírios, vícios, perseguições, traições, casamentos fracassados, medos e histerias, ajudam a compor o cenário das estreias de grandes produções cinematográficas, das festas luxuosas e da vida de riquezas. A personagem é uma mulher poderosa e sensual que não primava pela higiene e se comportava como uma taça de cristal. Pronta para se espatifar. Uma contradição que vagava pela alta sociedade. A musa que conquistou o mundo, mas, não conseguiu ser a primeira-dama americana.

John Fitzgerald Kennedy é apresentado como um homem adoentado, entregue aos prazeres sexuais, que adora ler revistas de fofocas e que se tornou presidente por causa da vontade e do empenho (lícito e ilícito) do pai.

O ambiente em que o relacionamento de Marilyn e JFK acontece assemelha-se ao de um romance policial. É permeado de investigações do FBI, CIA e KGB, de escutas clandestinas e da mão pesada da máfia. É a época da Guerra Fria. São tempos de sussurros e gemidos.

O texto é ágil, acompanha o ritmo das ações. Metáforas, onomatopeias e frases curtas embalam a escrita. Vale pela forma e pelo conteúdo.

Porém, é preciso deixar a ficção em seu devido lugar. Isto, porque não acredito que ícones nasçam daquilo que foi apenas um playboy mimado e uma linda débil. A aura de mistério em torno de Marilyn Monroe e John Fitzgerald Kennedy permanece após a leitura. Aliás, é também disto que os mitos são feitos.

FORESTIER, François. Marilyn e JFK. Trad. Jorge Bastos. Rio de Janeiro:Objetiva, 2009.

Imagem: Daniela Fonseca


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As mulheres mais poderosas do mundo


A revista Forbes elaborou a famosa e aguardada lista com o nome das cem mulheres mais poderosas do mundo.

O ranking é liderado por
Michelle Obama. Após sua participação bem-sucedida na campanha presidencial do marido, ela conseguiu manter a popularidade no cargo de primeira-dama.

Também figuram entre as escolhidas Irene Rosenfeld, Hillary Clinton, Angela Merkel, Oprah Winfrey, Ellen DeGeneres, Lady Gaga, Beyoncé Knowles, entre outras executivas, celebridades, líderes do mundo da política, cantoras e ícones da mídia. Duas brasileiras estão na seleção: Gisele Bündchen e Dilma Rousseff.

Esta edição da lista
inovou. Ela teve como orientação a influência criativa, a capacidade de formar opinião e o empreendedorismo. Antes, os principais quesitos eram o poder e a riqueza. No ano anterior, Michelle Obama ocupou o 40º lugar.

Rose Marie Muraro, estudiosa do feminismo, apontou que a liderança feminina é uma alternativa que se destaca por sua capacidade inovar e de gerir considerando as
necessidades da sociedade e as demandas ambientais. Aspectos nos quais o mundo, até hoje liderado por homens, apresentou certas dificuldades.

Não estou convencida de que essas qualidades são inatas das mulheres e nem da inaptidão da ala masculina em adquiri-las. As condições de vida dos seres humanos e o cuidado com meio ambiente são questões que se colocam para
todos. Que as poderosas e os poderosos considerem esta realidade. E aqueles que os escolhem, também.

Imagem: Creative Commons/Flickr: GViciano

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Dilma e Marina


Me dá uma alegria danada ver Dilma Rousseff e Marina Silva disputarem a presidência do Brasil. As candidatas colocam à disposição dos eleitores consideráveis trajetórias na vida pública, apresentam propostas, não fazem feio nos debates, enfim, representam dignamente as mulheres brasileiras.

O desempenho de Dilma e Marina é um avanço para a história do gênero feminino no nosso país. Se fizermos uma retrospectiva na política nacional, isto fica, ainda mais, flagrante. Na ocasião da elaboração da Constituição de 1988, apenas 5% dos constituintes eram mulheres. Em 1933, houve apenas uma deputada, Carlota Pereira de Queiroz, a integrar a Constituinte. Na de 1946, as mulheres não foram representadas. Hoje, entre os quatro principais candidatos ao mais alto cargo do Poder Executivo, duas são mulheres. 50%, dez vezes mais que as constituintes.

Dilma Rousseff lutou durante a ditadura militar para devolver o Brasil aos brasileiros. Fez mais, com o término do governo Lula, entrega aos cidadãos uma nação melhor para se viver. O trabalho que desenvolveu como secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, ministra de Minas e Energia e ministra chefe da Casa Civil, transformou a líder estudantil em uma líder nacional.

Marina Silva, a menina da floresta cresceu e fez seu povo crescer junto com ela. Marina foi alfabetizada já na adolescência e colocou-se a serviço dos cidadãos como vereadora, deputada estadual, senadora e ministra do Meio Ambiente. A senadora defende a soberania socioambiental do Brasil. E de soberania, ela entende.

Mulheres vencedoras, Dilma e Marina. Elas representam muitas outras vitoriosas anônimas que estão espalhadas pelo nosso país. Seria um sonho poder eleger a duas. Pensando bem, já é um sonho realizado poder eleger uma das duas.

A participação de Dilma e Marina no processo eleitoral é uma vitória, independentemente de quem os votos elejam. Temos motivos pra comemorar. Vencem as mulheres, vence a luta contra a desigualdade de gênero, vence o Brasil, vence a democracia.

Imagem: Creative Commons/Google

 
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