Filha, mãe, avó e puta


Sincero. Foi o que eu conclui ao terminar de ler Filha, mãe, avó e puta. A autobiografia de Gabriela Leite revela como a autora decidiu ser prostituta. Ao ler o relato tem-se a impressão de que ela está sentada numa confortável poltrona lhe contando a trajetória de sua vida com uma sinceridade serena e, ao mesmo tempo, pungente.

O livro nos fala de uma menina nascida numa família conservadora que residia na Vila Mariana em São Paulo. Depois de crescida ela se tornou secretária numa grande empresa e estudante de filosofia na USP. Os pré-requisitos para ser mais uma filha da tradicional classe média estavam atendidos. Mas, era o final da década de 60, época de agitação cultural, e a menina resolveu ousar.

A ideia era experimentar na vida pessoal toda a liberdade e transgressão que se teorizavam nas conversas com os colegas intelectuais. Com esta motivação, Gabriela escolheu seu caminho.

A personagem freqüentou famosas zonas de prostituição como a Boca do Lixo e a Vila Mimosa. O enredo nos revela que para ser prostituta é preciso ter vocação e talento. Como em qualquer outra profissão. Outra realidade que a narrativa demonstra é que nesse meio também há amizade e gratidão. Como em qualquer outro ambiente.

A obra aborda o surgimento da ONG Davida e da grife Daspu. Passagens engraçadas e nomes conhecidos ajudam a compor a história. O livro retrata com naturalidade o mundo da prostituição que, por vezes, é encoberto por um manto de marginalidade e preconceito.



LEITE, Gabriela. Filha, mãe, avó e puta: A história de uma mulher que decidiu ser prostituta/Gabriela Leite em depoimento a Marcia Zanelatto. Rio de Janeiro:Objetiva, 2009.

Imgem: Daniela Fonseca


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